Dia: 23 de maio de 2020

Segundo filho chegando: confira dicas para lidar com o ciúme do irmão mais velho.

Por Beautyslime

É normal que o primeiro filho fique com ciúmes do bebê que está por vir, mas é preciso encarar esse
momento com normalidade e saber o melhor caminho a se seguir.

Se imagine na seguinte situação: toda a sua vida gira em torno de duas pessoas que te amam e
cuidam de você. Seus passeios são com elas, seus momentos de felicidade são com elas e, quando
você está triste ou precisa de ajuda, são elas que te acolhem e te consolam.

Agora se imagine “perdendo” essas pessoas para outro alguém. Toda a atenção que você recebia
agora está voltada para alguém que você não conhece, que ainda não tem nenhum vínculo
emocional com você.

Se para nós, adultos, pensar em ser “trocado” ou “deixado de lado” gera ansiedade e um sentimento
de abandono, imagine para uma criança. É essa a sensação que a maioria dos primogênitos sentem
quando ficam sabendo que vão ganhar um irmãozinho mais novo.

Do início da gestação até os primeiros meses de vida do bebê, mães e pais passam por momentos
complicados em que o filho mais velho pode demonstrar ciúmes de diversas formas, se isolando,
regredindo em alguns hábitos e até agredindo fisicamente seu irmão mais novo.

Para enfrentar esse problema da melhor maneira possível é preciso muita paciência e entender a
perspectiva da criança. Afinal, até esse momento, toda a atenção dos pais era voltada
exclusivamente para ela, então fica muito difícil para a criança quando o contrário acontece, e toda a
atenção volta para o bebê que acabou de chegar.

É preciso fazer com que a criança entenda que ela é muito importante, mas que os bebês são frágeis
e requerem muita atenção nos primeiros meses de vida. Ela precisa entender que toda a
preocupação e o cuidado dos pais com o novo irmão é um comportamento necessário para o
cuidado com o bebê, e não que ela está sendo abandonada ou que o irmão está tomando o seu
lugar.

A melhor forma de lidar com isso é preparando o filho mais velho desde os primeiros meses de
gestação. Esconder a gravidez para o primogênito não é o melhor caminho, pois é uma descoberta
inevitável e pode gerar ainda mais estresse mais tarde. Depois do pai, o filho deve ser a segunda
pessoa a saber da gravidez.

Por quê? Para que ele se acostume com a ideia e, quem sabe, sinta felicidade com a chegada de um
irmão, de um novo amigo. Uma das dicas é fazer com que a criança participe efetivamente dos
preparativos para a chegada do bebê, pedindo ajuda para escolher brinquedos e até estimulando a
conversa com a barriga.

Mas nada pode ser forçado, tudo tem que fluir de forma natural e a criança não pode se sentir
obrigada a ajudar na gestação ou na criação do bebê. Pense na perspectiva da criança: antes, tudo
era diversão e atenção dos pais, agora, com achegada do bebê, ela é obrigada a ajudar, ter
compromisso e ainda perde toda a atenção que tinha. Isso só irá gerar desconforto e ainda mais
ciúme.

A empresária de 25 anos, Flávia Alves Butin, entende muito bem sobre a importância de não forçar
nenhum tipo de interação entre a criança mais velha e o bebê que está por vir. Mamãe de Joaquim –
3 anos e sete meses – e agora de Olívia, que tem apenas sete meses, Flávia nunca forçou nenhum
tipo de interação.

“Desde quando eu engravidei o Joaquim nunca falou sobre eu estar grávida, que teria uma irmã ou
algo do tipo. Durante toda a gravidez eu tentei estimular que ele falasse com a barriga, mas ele
sempre reagia ignorando, então eu não forçava. Nunca forcei nenhum tipo de demonstração de
afeto pela minha barriga. Para uma criança, é muito difícil entender que tem um bebê dentro da
barriga da mãe dele”, diz Flávia.

Também é importante permitir a interação entre os pequenos para que os laços se desenvolvam logo
nos primeiros dias de vida, sempre com a supervisão dos pais.

“É algo natural da criança, ter curiosidade com o irmãozinho, querer passar a mão ou ajudar a tomar
banho. Quando a Olívia chegou, a primeira reação do Joaquim foi querer passar a mão nela. Muitos
pais, quando o mais velho tenta passar a mão no bebê, já têm uma reação alarmante, reprimindo o
comportamento da criança. Desde a chegada da Olívia, tento não fazer isso. Se ele tentar passar a
mão em um local que não pode, como nos olhos, por exemplo, eu pego a mãozinha dele e falo “faz
aqui na barriguinha dela, ela gosta mais” ou “faz no pezinho dela, ela acha mais gostoso”.
Ultimamente ele sempre pega ela no colo e eu nunca grito ou proíbo, mas sim o chamo e ensino ele
a pegar ela de forma correta para evitar qualquer problema. No fim, eu nunca o proíbo de interagir
com a irmã dele, esse é um comportamento natural da criança, eles querem interagir.”

E ainda completa: “Eu estimulo quando ele vem naturalmente. Se eu o chamo e ele não quer, eu não
forço. Tudo no tempo dele”.

É importante ensinar para a criança que a amizade entre irmãos é algo único e muito valioso. Ela não
está ganhando uma “concorrência” ou entrando em uma disputa por atenção, mas sim está
esperando pela chegada do seu melhor amigo!

Para ajudar você a passar por esse momento com tranquilidade, sabedoria e muita calma, separamos
algumas outras dicas. Confira:

1 – Os primeiros meses são os mais difíceis para o filho mais velho. Dê o máximo de atenção a ele,
pois, se ele não receber atenção nesse momento, ele pode fazer de tudo para conseguir, inclusive
machucar o bebê.

2 – Não deixe de conversar e falar sobre a gravidez. Esse é o momento de falar sobre o crescimento
de uma nova vida, de um companheiro que está por vir. Não existe isso de tomar o lugar e esse tipo
de discurso deve ser evitado.

3 – Regressões podem acontecer nesse momento, como voltar a usar a chupeta mesmo já tendo
parado. Essa é uma forma de a criança chamar atenção e pedir o cuidado só para si. Tente explicar
que o mais novo ainda é um bebezinho e precisa de cuidado, enquanto mostra os lados positivos de
ser mais velho, da independência e das coisas que se pode fazer conforme for crescendo.

4 – Se ele ainda não está, matricule o filho mais velho na escola ou em uma creche logo no início da
segunda gestação. Dessa forma ele irá criar independência e aprenderá a interagir melhor com
outras crianças, comportamento que se estende à chegada do irmãozinho. Não deixe para colocar a
criança na escola no fim da gestação, pois ela pode sentir que está sendo trocada ou afastada da
família por causa da chegada do irmão.

5 – As atividades de um bebê e de uma criança de 3 ou 4 anos são muito diferentes. Enquanto o bebê
é limitado, o irmão mais velho quer sair e se divertir em todos os momentos. Um não pode segurar o
outro se não o ciúme só aumenta. O ideal é que um dos pais saia separadamente com o mais velho,
mostrando para ele que a diversão não para e que ele também merece toda a atenção do mundo.

6 – Muitos pais dão presentes para o irmão mais velho logo no início da gestação, dizendo que foi
enviado pelo irmãozinho que está por vir. Parece uma tática boba, mas funciona. Depois que o bebê
nascer, sempre que um ganhar um presente, o outro deve ganhar também.

7 – Evite comparações entre as crianças. Irmãos sempre serão diferentes e únicos e cada um é
especial do seu próprio jeito. Comparações são ótimos gatilhos para sentimentos como inferioridade
e ciúme.

8 – Se for receber visitas, combine com elas o quanto é importante cumprimentar primeiro o filho
mais velho e depois o mais novo ao chegarem. Isso ajuda muito e faz com que ele se sinta tão
relevante quanto o bebê que será bajulado a noite toda.

9 – Evite pedir silêncio por causa do bebê. Recém-nascidos são capazes de pegar no sono, mesmo em
um ambiente barulhento. É um pedido desnecessário que pode gerar desconforto no filho mais
velho.

A verdade é que não existem respostas concretas ou fórmulas para encarar esse momento. Se você
sentir que é necessário, pode consultar um pediatra ou um psicólogo especialista em terapia infantil,
mas a nossa recomendação é que você lide com esse momento da forma mais natural possível.

É como a Flávia, mamãe do Joaquim e da Olívia, disse:

“É difícil pedir amor e compreensão à criança sobre um irmão que ela ainda nem conhece. Tenha
muita paciência que, com o tempo e muita interação, o amor e a cumplicidade vão crescer
naturalmente. Não forçar sentimentos e atitudes é o melhor caminho.”

Olívia e Gabriel, filhos de Flávia, mostrando que o amor é muito maior que o ciúme.

Referências:

Ciúme de irmão: 10 maneiras de lidar com essa situação. Revista Crescer, 2018. Disponível em:
<https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Comportamento/noticia/2013/02/ciume-de-irmao-10-
maneiras-de-lidar-com-essa-situacao.html
>. Acessado em 20 de maio de 2020.

7 dicas para lidar com o ciúme do irmão em relação ao novo bebê. Família. Disponível em:
<https://www.familia.com.br/7-dicas-para-lidar-com-o-ciume-do-irmao-em-relacao-ao-novo-bebe/>.
Acessado em 20 de maio de 2020.

RODRIGUES, Leandro. Segundo filho: como lidar com o ciúme do irmão mais velho. GauchaZH, 2019.
Disponível em: < https://gauchazh.clicrbs.com.br/comportamento/noticia/2019/03/segundo-filho-
como-lidar-com-o-ciume-do-irmao-mais-velho-cjsol9lu400dv01lhs6vnlugz.html
>. Acessado em 20 de
maio de 2020.

LOBO, Márcia. Ciúme do novo irmão: como contornar. Bebê Abril, 2016. Disponível em: <https://bebe.abril.com.br/familia/ciume-do-novo-irmao-como-contornar/>. Acessado em 20 de maio
de 2020.

CASTANHEIRA ALVES, Rita. Quando nasce o irmão, nasce o ciúme. Oficina de Psicologia, 2013.
Disponível em: < https://www.oficinadepsicologia.com/quando-nasce-o-irmao-nasce-o-ciume/>.
Acessado em 20 de maio de 2020.