BRINCADEIRAS SEM FIOS
Por Beautyslime
Você já parou para pensar que brincar é uma das atividades mais legais, sérias e completas inventadas pelo ser humano?
Tanto que faz parte da Declaração Universal dos Direitos das Crianças, criada em meados do século passado pela Unicef, que o lazer infantil é um direito adquirido.
Desde que o mundo passou a estudar o comportamento dos pequenos, em qualquer linha de pensamento que se busque como fonte, encontra-se a comprovação de que as atividades lúdicas são a base para uma infância feliz e para um desenvolvimento saudável.
Para muitos povos as brincadeiras são usadas para transmitir legados culturais, aprender a se cuidar, a cuidar do outro e a estar atento à preciosa integração com a natureza.
Quase todos os rituais de passagem entre as tribos indígenas brasileiras envolvem momentos de cantos, danças e outras formas de brincar e celebrar as coisas boas da vida.
Uma das brincadeiras preferidas dos curumins é pular de um barranco dentro de um rio. E quanto se aprende com esse gesto que parece banal!
Além de exercitar os músculos com o salto e a natação, faz parte da brincadeira aprender a se cuidar, enfrentar desafios, organizar a estratégia mais segura para evitar que o pulo vire um tombo e compartilhar de forma colaborativa essa atividade com as outras crianças da aldeia.
A experiência eletrônica concentrou quase todas as experiências lúdicas em ações conectadas a uma tela, que precisa ter uma bateria recarregável e onde o que se usa do corpo – além do cérebro, claro – são os dedos das mãos, o movimento dos olhos e que pode causar algo que já se chama de “nova curvatura da espinha dorsal” na altura do pescoço.
Mas, que tal pensar “fora da telinha” por alguns momentos e propor para seus filhos brincadeiras em que a eletricidade que faz falta é só a alegria de brincar? Ou jogos em que o aplicativo seja o corpo em movimento?
Poderá haver alguma resistência no começo. Mas se isso não for uma imposição e sim uma negociação para um “experimento superlegal” – e brincar de forma orgânica é um experimento superlegal! –, quem sabe as crianças tomem gosto e resolvam alternar o videogame com girar um peão; ou trocar um post a mais por pular amarelinha?
Provavelmente, a maioria das crianças nem sabe mais o que é girar um peão, pular amarelinha… Aprender a fazer “comidinha” … Participar de uma cantiga de roda… Brincar de esconde-esconde… Construir casas, cidades e navios com peças de montar…
Um bom argumento para começar essa conversa é você falar sobre a experiência do Slime, a brincadeira que encantou o mundo!
Você pode dizer que, assim como aconteceu com o Slime, essas outras brincadeiras também não precisam de fios, telas, baterias e nem manual de instrução. Precisam da alegria de viver, da vontade de se divertir, da sensibilidade, da criatividade e da inteligência deles. E mais: que juntas, ou juntos, poderão reinventar as regras que combinem com vocês para deixar a brincadeira mais legal! Não existe regra fixa. Afinal, é tudo brincadeira!
Quem sabe você possa até usar uma das brincadeiras orgânicas mais antigas para comunicar isso aos seus filhos: o telefone sem fio.
Lembra como ele funciona? Você cochicha algo no ouvido de uma pessoa e ela lhe devolve a resposta no seu ouvido.
Experimente brincar de ensinar brincadeiras orgânicas! Isso pode aumentar, e muito, a cumplicidade entre você e as maiores preciosidades de sua vida!
Divirtam-se!